domingo, 17 de agosto de 2008

1968


Como nossos pais?!

"De onde surgiram inspiração e fôlego para tanta movimentação reunida num só ano? O fato é que, em um determinado momento, alguém não se conformou e escreveu em letras firmes num muro de Paris: “Seja realista, exija o impossível” [Trecho da apresentação de "1968, eles só queriam mudar o mundo"]


2008, 40 anos depois das grandes revoluções, uma pergunta vem à cabeça: Onde foi parar o espírito revolucionário que marcou tanto os jovens daquela época?! Afinal, alguns deles são os nossos pais...

É estranho pensar que o engravatado que chega do trabalho reclamando do chefe, há quarenta anos era um cabeludo que detestava regras e fazia barulho contra o que não concordava...

Universidades, muros, ruas e avenidas de todo o mundo viram do que aquela geração era capaz. Ao som do Rock de Janis Joplin, Jimi Hendrix, Beatles, Jim Morrison, Bob Dylan,1968 foi um furacão juvenil,que varreu o mundo em todas as direções tão loucamente que nem eles mesmos sabiam o que queriam..bastava saber o que não queriam!

O Rock era o som! Um dos meios fundamentais para os jovens expressarem suas alegrias e tristezas, angústias e revoltas, protestos e esperanças no futuro. Janis Joplin, Jimi Hendrix, Beatles, Jim Morrison, Bob Dylan...

Uma revolução que não se fez só com tiros e bombas, mas com pichações, pedradas, reuniões de massa, autofalantes e muita irreverência.


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É...1968 virou o mundo de cabeça pra baixo...mas parece que ao voltar à "posição normal", certas coisas ficaram perdidas...

Hoje, a maioria dos engravatados liga a TV e foge da política, comentando-a timidamente...
Não passam aos filhos o valor de um ideal...não criam neles a consciência política que foi capaz de sacudir o planeta há quarenta anos. Trauma?! Desilusão?! Esqueceram aquele ideal?!

Seja pelo o que for, por conta disso, a nossa geração se aliena...não protesta, não desperta, não vence.
A rebeldia se prende há um moicano verde, a um piercing na língua...música alta, luzes fortes...sexo, drogas e rock'n'roll...não por ideologia, mas por diversão.

Não há como julgar, o momento é outro, os problemas são outros...
2008 não é 1968...e ao contrário de como na canção de Elis, não somos os mesmos, nem vivemos como nossos pais.


Lívia Miranda.




Todos os créditos, deste brilhante texto, direcionados a Lívia Miranda, umas das mais queridas personalidades do curso de Letras da USP.
O Mundo Paralelo fica lisonjeado pelo apoio de pessoas tão importantes e significativas no cenário intelectual brasileiro, como neste caso.